Que critérios inspiram os julgamentos de uma obra de arte?A que código se referem estes valores?Em que regra ou doutrina crítica se apoiam as diretrizes principais da crítica de arte?
A Crítica de Arte também sofreu uma evolução que, na verdade, se olharmos com mais calma, não será difícil acompanhar.
Inicialmente descritiva, a crítica de arte se apoiava na semelhança. Neste caso o próprio Platão compara a pintura a um espelho. O pintor então considerado inferior ao poeta e ao filósofo seria um mero imitador da natureza . Em 1435, Leo Battista Alberti, um admirador de Platão escrevia em seu " Tratado da Pintura" que " o pintor estudioso extrairá todas as suas observações da natureza. A pintura esforça-se por representar os objetos visíveis. Qualquer que seja a maneira de pintar, a mais correta que conheço é imitar a natureza." E lá se vão os critérios da crítica se apoiando na capacitação imitativa do artista.
O pensamento romântico ainda levava o artista a crer que o único princípio em arte é copiar o que vê, mesmo que esta visão estivesse já tomada de sentimentos que envolveriam a obra e o artista.
Em contrapartida a todo este movimento de verosimilhança os próprios artistas tentaram opor o seu pensamento que resultou em um critério de regras de arte semelhante aos critérios de regras de linguagem. As academias teriam multiplicado este pensamento da crítica acadêmica em que só um profundo conhecimento de dogmas clássicos permitia o exame de uma obra de arte. Porém a variação moral viria a introduzir uma crítica mais ideológica. Como comenta André Richard em sua obra" A Critica de Arte", longe de ser novidade, a arte engajada esteve presente em todos os tempos. Neste caso veremos a obra de arte não de conformidade com um modelo mas sempre de acordo com o seu poder de persuasão em relação aos espectadores. Esta crítica vai procurar na arte um valor político e social desenvolvendo-se então, no sec.XIX, uma linguagem que faria frente à arte oficial. Formal ou histórica a crítica de arte evoluiu com a própria história da arte.
Da metade do século XIX à metade do século XX, todos os grandes movimentos artísticos tiveram uma expressão literária. Um porta voz, por assim dizer. Artistas e teóricos passam a observar cada vez mais as qualidades dinâmicas de uma obra - tensão, energia, força, vibração, atração. Mário Pedrosa nos esclarece que "na arte pós moderna, a idéia, a atitude, por traz do artista, é decisiva. "
Chegamos então a um ponto crucial: se a atitude do artista é o que importa, o objeto da arte não é mais a obra e sim o artista! Uma abordagem da crítica de arte em nosso dias nos faz então repensar a finalidade intrínseca da pintura, da escultura, da música, do teatro, enfim da arte.
O desenvolvimento de um comportamento que requer análise simbólica ,nos envia para perguntas fundamentais que deverão levar em conta a diversidade destas teses .
Tanto a semiologia quanto o estruturalismo serão possíveis de interpretação na arte atual mas, teremos que ceder ao encanto e verdade do pensamento de Federico Moraes quando diz que é a obra , ela mesma, que indica ao crítico o método da sua abordagem.
O critério de semelhança que ainda hoje orienta o público em geral, desapareceu da crítica contemporânea. Não se pede mais aos artistas uma exatidão literal mas uma criação original e expressiva. Como em qualquer tempo o crítico ainda nos esclarecerá a obra como também, em qualquer tempo, a arte, que já foi suporte da fé, é e será sempre o suporte de ideais de um povo e como tal não terá parâmetros impostos a serem seguidos .
Cada crítico terá um julgamento de uma obra, é seu direito e dever de profissão, pois os critérios são diferentes mas o verdadeiro crítico de arte saberá que a finalidade da arte é a beleza. Só ela agrada internacionalmente, ainda que não se possa justificar intelectivamente.
POR : http://www.defatima.com.br/saladeaula/
Natália Novaes
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